Ontem estive a ver um documentário da National Geographic que dava uma perspectiva muito interessante sobre uma etnia indígena na Amazónia e que me levou a reflectir mais uma vez sobre as diferenças culturais e de mentalidades. Os índios que o documentário mostrava eram os T-zoey ou qualquer coisa parecida, não consegui encontrar na net. São um povo semi-nómada com um estilo de vida muito diferente e interessante. Caracterizam-se por um corte abaixo do lábio, feito num ritual de iniciação, onde usam uma espécie de madeira como adorno e as mulheres para além disso usam também umas penas (tipo bandolete). Estes índios não usam qualquer tipo de roupa.
No que toca ao casamento, cada mulher ou homem pode ter até 6 maridos/esposas. Podem inclusivé partilhar a mulher ou o marido com outra pessoa nos casos em que haja por exemplo uma atracção mútua entre a mulher e outro homem que não seja o marido, durante x tempo em troca de ajuda nas suas plantações de mandioca entre outras. Também é possível uma mulher mais velha ter alguns maridos extra durante algum tempo para os ensinar a ser bons maridos em troca de ajuda nas plantações e caça. Posteriormente esses maridos podem ser prometidos a algumas das filhas mais velhas depois da aprendizagem estar terminada. Dessa forma a família mantem-se unida, uma vez que este povo desloca-se em famílias tendo percursos definidos pela Amazónia que se repetem a cada ano. Era salientado que os ciúmes são extremamente raros entre os indivíduos deste povo.
Esta mentalidade para mim é bastante interessante, não há discriminação sexual, as mulheres podem ter tantos cônjugues como os homens, não há crimes passionais nem ciúmes, problemas sociais, criminalidade organizada, não poluem, encontram tudo o que precisam na natureza, é o equilíbrio perfeito, não?
Eu que estava um bocado presa à ideia que somos muito liberais e mentalidade muito aberta, democracia e igualdade de direitos para os cidadãos, que a organização da nossa sociedade apesar dos seus defeitos era a melhor que existia no mundo, agora estou a ver que não; não que eu tenha intenção de me mudar para a Amazónia e fazer um corte abaixo do lábio e ter 6 maridos, já estou muito moldada à imagem da nossa sociedade, mas acho que em termos de harmonia e equilíbrio entre indivíduos e com a natureza, este povo ganha-nos de longe.
E se eu considero que os árabes são muito fechados por andarem vestidos daquela maneira, principalmente as mulheres, não podendo nalguns países árabes os ocidentais andarem vestidos "normalmente", o que é que estes índios diriam da nossa mentalidade quando fossem obrigados a vestir-se como nós ou serem presos por atentado ao pudor e à ordem pública quando aparecessem nús nas ruas dos países ocidentais, ou então condenados por poligamia, criminal e socialmente? Afinal quem é que tem metalidade aberta e quem é que é mais liberal? Pois é...
quinta-feira, 10 de abril de 2008
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4 comentários:
Sim é verdade, estes povos são muito mais liberais comparado connosco.Apesar de podermos achar que eles são menos evoluídos que nós por viverem na selva e não usarem roupas acho que nos têm muito para ensinar.Afinal quem são os selvagens...
Howdy, priminha!
Realmente as diferenças culturais são abismais, mas não acho que se possa falar de uma maior proximidade da perfeição, tanto para o nosso como para esse modelo social, assim como para todos os outros.
Concordo, sim, com o que diz a "maria", quando diz que estes povos têm muito para nos ensinar sobre a vida em sociedade.
No entanto, há muitos pontos a ter em conta numa sociedade desse género, a começar, por exemplo, na noção de realização pessoal.
No nosso caso, temos a possibilidade de perseguirmos um sonho profissional com áreas de actividade tão variadas como as ciências (aplicadas a tudo e mais alguma coisa), letras (com um vasto leque de opções relacionados com a nossa cultura), arte (em tantas formas e feitios), desporto, etc.
Prezando a cultura ocidental, arte, música ou literatura, acabamos por perceber que ficaria a faltar uma maior liberdade para o individuo exprimir as suas capacidades intelectuais e artísticas, uma vez que os trabalhos se cingem à alimentação, saúde (na medida do possível) e e pouco mais.
É certo que a proximidade com a natureza é enorme, e a abertura de espírito parece igualmente grande.
Uma igualdade entre mulheres e homens é, naturalmente, de louvar, mas por exemplo nesse caso, das várias esposas e maridos, põe-se o problema do Amor.
Ora, é visível que têm uma visão de tudo diferente da nossa, mas no caso de um Amor sério, de um homem em relação a uma mulher (ou vice versa), será normal (até para uma sociedade indígena),partilhá-la em troca de ajuda nas plantações?!
Ou será que o Amor, tão badalado sentimento inexplicável, afinal não passa de um fruto da cultura ocidental?!
Em suma, são estilos de vida muito diferentes, mas dos quais não se pode apontar um mais, ou menos perfeito que outro.
Fica bem, priminha!
Muitos beijões ***********+
Peace ;p
É engraçado Lion, que estava a pensar exactamente em tudo o que mencionaste aí, da realização pessoal, e do verdadeiro amor. A vida destes índios limita-se em satisfazer necessidades do estômago e do corpo e passar assim as suas vidas, criando também os filhos e passado os limitados conhecimentos (limitados, face aos nossos, claro) às gerações seguintes; não existe grande evolução pessoal, tanto que se pensa que o estilo de vida deles permanece praticamente inalterado desde há milhares de anos. Têm tudo o que precisam e assim vivem em harmonia com a natureza. Quanto ao amor também me pus essa mesma questão, será que ele existe mesmo ou será uma invenção não da cultura ocidental, porque também existe na cultura oriental, mas digamos das culturas não Z-oé (que é o verdadeiro nome do povo, já agora)? Porque pareceu-me que eles não acreditam ou não sabem o que é o amor, ou não o encaram como tal, consideram ligações familiares, de amizade, e sexo, sem sentimento amoroso aí metido, só atracção. Pelo menos era essa a ideia que passava do documentário, mas também mencionaram que dentro de cada casamento há um marido ou uma esposa principal, é estranho, é diferente, mas continua a parecer-me que pelo menos este povo indígena é dos poucos que mantém uma harmonia (quase perfeita) entre indivíduos e entre estes e a natureza.
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Estamos estigmatizados... somos a sociedade do pecado!
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