sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Mar português

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa, in Mensagem

2 comentários:

Anjali disse...

this is such a classic portuguese poem!i missd reading it.
i love it!it always intrigues me ho some1 can write such simple words and make such a wonderfu sequence out of them!
I didn't know it wasin 'Mensagem' ! :$

Anónimo disse...

Fernando Pessoa é sem dúvida um dos melhores escritores portugueses de todos os tempos!
Adoro a "Mensagem" e todo o significado por detrás do livro, mas o meu poema preferido de Fernado Pessoa não está nesta obra.É o:

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

Obrigada amiga Morgaine por continuares a divulgar Fernando Pessoa.

Bjn** e temos de combinar ir ver a tua aula de anatomia na próxima semana