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Por vezes, quando por alguma razão, quer seja de divergências culturais, religiosas ou simplesmente porque o casamento terminou, um dos progenitores decide levar os filhos para o seu país de origem de modo a conservar a custódia dos mesmos sem ter de se sujeitar a um processo legal, ao mesmo tempo que impede que os pais deixados para trás voltem a ter algum contacto com as crianças.
Segundo o livro, os raptos dividem-se em duas situações, os que foram raptados para países abrangidos pela Convenção de Haia, de 1980 e os raptados para outros países não membros. A Convenção prevê o regresso da criança ao seu país de residência para que esse país possa determinar quais os melhores interesses da criança. Nesta situação, deverá-se proceder com rapidez, pois passado um ano, a criança pode ser considerada já integrada no país de acolhimento.
Se por um lado é possível a pais deixados para trás recuperar os filhos nesta primeira situação, no segundo caso é extremamente difícil e por vezes praticamente impossível. O pai ou mãe em questão dever-se-ão deslocar ao país para que o filho foi raptado e enfrentar um sistema judicial estrangeiro para conseguir a custódia do filho.
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Voltando ao livro, vou transcrever uma passagem do mesmo, que acho que o resume:
"O cenário é vulgar nos tempos que correm: um homem árabe que vive no Ocidente, muitas vezes não praticando a sua fé, casa-se e tem filhos. Quando as coisas começam a correr mal, volta para o seu país de origem, levando consigo as crianças. Apesar de não ser muçulmando devoto, usa agora a protecção que o seu país natal oferece e assegura-se de que todos os elos de ligação entre as crianças e a mãe sejam cortados. Sim, ele pode fazê-lo, e é muito mais frequente do que imaginam.
No meu caso, durante todo o tempo que durou o meu casamento, nunca vi o meu marido rezar nem ir à mesquita. Nunca o vi misturar-se com outros sauditas nem com outros muçulmanos. "T" viveu de acordo com os
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As pessoas costumam dizer-me: "Helle, devias ter percebido aquilo em que te estavas a meter. Casando-te com um saudita corrias sempre o risco disto acontecer, não achas?"
A minha resposta é que não tinha modo de saber o que iria acontecer. "T" vivera em Inglaterra, dissera-me que tencionava continuar a ter um estilo de vida ocidental e, na verdade, tudo apontava para isso.
Também desprezava a sua religião, por isso o islamismo nunca esteve presente nas nossas vidas. Com efeito, o meu marido explorava com grande interesse todas as outras religiões, tanto que nenhum estranho teria podido prever na altura a desgraça que me aguardava".
Esta senhora teve uma sorte tremenda em recuperar os filhos e existem milhares de outras histórias de pais por todo o mundo na eterna busca dos filhos, numa missão praticamente impossível. Por outro lado é também de salientar trauma das crianças raptadas por um dos pais, e muitas vezes também o choque cultural que sofrem.
Muitas vezes os pais gastam fortunas de uma vida para tentar recuperar os filhos, e frequentemente sem sucesso.
Esta publicação faz especial incidência a raptos para países muçulmanos, primeiro porque era o caso do livro e segundo porque também são os mais graves, uma vez que estrangeiros, ocidentais, não muçulmanos e ainda por cima mulheres não têm estatuto absolutamente nenhum face aos nacionais na maioria desses países. No entanto raptos parentais acontecem em todo lado, como por exemplo dentro da Europa, e não deixam de ser menos graves ou importantes por isso.
Ligações importantes:
http://www.reunite.org/
http://www.ldif.asso.fr/
http://www.offsol.demon.co.uk/
http://www.hcch.net/