quinta-feira, 29 de março de 2007

O amor e a sociedade

Numa luminosa manhã de inícios de Setembro, debruçada sobre o parapeito de uma janela aberta, Constança procurava um pouco de paz e ar puro. Toda aquela semana tinha sido um pesadelo. Os preparativos para o casamento da sua irmã Maria Clara tinham arrastado toda a sua família para uma agitação constante. Do interior da casa faziam-se ouvir discussões entre as suas primas e a sua irmã. Todo aquele ambiente saturava-a. Tinha de sair rapidamente. A poucos passos da sua casa, ao virar da esquina, entrava na Avenida da República, rua muito movimentada, onde sem dificuldade fez parar uma tipóia ao seu primeiro sinal.
- Terreiro do Paço, por favor - disse.
Após um solavanco a tipóia começou a avançar lentamente. Através da janela contemplava a beleza de Lisboa dos finais do século XIX.
- Uma menina de bem como a filha dos Condes d'Avelar não deveria de andar sozinha nestas perigosas ruas de Lisboa - retorquiu ironicamente uma voz à sua frente.
O rapaz da tipóia olhava-a de soslaio. Constança, indignada com tal ousadia, estudou-o cuidadosamente. Aquele jovem rapaz não deveria ter mais de dois anos que ela. Por breves segundos os seus meigos olhos pretos azeitona encontraram-se com os olhos azuis desafiadores dela.
- Desculpe, disse alguma coisa? - Questionou-o com desprezo.
Constança julgou ver-lhe espelhar-se um sorriso nos lábios.
- Porque sorri? - Atirou-lhe de chofre.
-Desculpe a minha ousadia, mas não pude ficar indiferente à sua nostalgia - respondeu-lhe.
Chegavam agora à Praça do Comércio. A tipóia abrandou, acabando por parar. O rapaz desceu para lhe abrir a porta. Ao sair Constança encarou-o de frente. Hesitou. Uma madeixa de cabelo descaiu-lhe para os olhos. Não pôde deixar de se sentir atraída por tão jovem e esbelta figura. Instintivamente a sua mão ergueu-se e afastou-lhe a madeixa, deixando a descoberto aqueles belos olhos. Corando recuou, tão rapidamente como se tinha aproximado. Os olhos de ambos brilharam, a atracção era mútua. O rapaz aproximou-se pegando-lhe na mão e curvando-se numa pequena vénia.
-Luís Carlos - disse.
-Menina Constança, por aqui? - Inquiriu-a acusadoramente um jovem nobre que se aproximava.
-James - -exclamou Constança, soltando apressadamente a sua mão da de Luís Carlos.
-Será que é desta vez que me acompanha para um passeio à beira-rio? - Indagou James com o seu sotaque de english gentleman num tom mais agradável.
Constança assentiu, procurando libertar-se da situação embaraçosa em que se encontrava. Ao tomar o braço de James, lançou-lhe ainda um último olhar a Luís Carlos.
O dia seguinte anunciava-se mais quente que anterior. O sol brilhava no horizonte envolvendo toda a cidade num suave despertar. Bem cedo, pela manhã já Constança percorria a Avenida da Liberdade num passeio matinal. Encontrava-se de repente absorvida pelos seus pensamentos quando de repente deu consigo frente a frente com Luís Carlos. Olharam-se fixamente sem saber o que dizer.
-Bom - Dia - disseram em uníssono. Sorriram cumplicemente.
Os olhos de ambos brilhavam. Era como se já se conhecessem desde sempre. Constança sentiu-se invadir por uma onda de afecto e de atracção por aquela figura irresistível. Luís Carlos, oferecendo-lhe o braço perguntou:
- Será que confia em mim o suficiente para me acompanhar a um passeio.
Constança assentiu, incapaz de soltar qualquer palavra. Luís Carlos não lhe disse para onde a levava e ela também não perguntou.
Na tipóia sentiu-se envolvida numa felicidade enternecida, uma onda de calor, vinda do bater descompassado do seu coração, confortava-a.
Sentia-se segura, apesar de mal conhecer aquele indivíduo que a guiava, não sabia ela para onde.
Algum tempo passara, não sabia ao certo quanto, aproximavam-se agora cada vez mais do seu destino.
Ao sair da tipóia constatou que se encontravam numa praia de beleza excepcional. Um areal branco prolongava-se a toda a sua extensão. O mar apresentava-se calmo e com poucas ondas. Parecia abraçar carinhosamente a areia como que numa ternura infinita. A praia era no entanto delimitada por rochedos imponentes e ameaçadores que perturbaram momentaneamente a felicidade de Constança, com um pequeno calafrio.
Constança e Luís Carlos passearam então pela praia.Ao longo dessas semanas, estes passeios foram-se repetindo, tornando-os cada vez mais íntimos e apaixonados.
O seu amor e a sua paixão cresciam de dia para dia, e numa dessas tardes consumaram o seu amor.
Por toda a alta sociedade de Lisboa corriam rumores de que uma das filhas dos Condes de d'Avelar andava a desgraçar o nome da família, ao estar envolvida numa relação desonrosa, desaparecendo todas as tardes.
Nessa semana, James, enquanto tomava o seu afternoon tea na Pastelaria Versailles, sentiu-se incomodado por comentários relativos a Constança que o ultrajaram e repugnavam. Sentiu-se traído. Julgava que o seu amor por ela era correspondido. O ciúme gélido e sentimento de posse apoderavam-se rapidamente de si. Automaticamente surgiu-lhe na mente a imagem do rapaz da tipóia que tinha visto no Terreiro do Paço, segurando a mão de Constança. A raiva apoderou-se dele, decidido saiu bruscamente. A sua mente fervilhava. Virou a esquina; a mansão dos condes d'Avelar estava agora cada vez mais próxima. Procurou acalmar-se.
Eram três da tarde. Nuvens cinzentas cobriam o sol, tornando o ambiente carregado.
Constança caminhava ao longo da Avenida da República, uns passos atrás seguia-a Luís Carlos. Sorria divertida com a situação, era visível a felicidade presente em ambos. Chegava agora à Pastelaria Versailles, subiu o primeiro degrau e deixou a sua mão descair para trás tocando na de Luís Carlos, lançou-lhe um último olhar cúmplice entrou.
O seu olhar prendeu-se imediatamente com o do pai, que a olhava acusadoramente de uma das mesas mais próximas da entrada. A deu lado encontrava-se James que a fixava de uma maneira doentia.
Aproximou-se.
Sua mãe deixava cair pesadamente a cabeça sobre as mãos, apresentando-se pálida e inexpressiva.
Intrigada e um pouco assustada sentou-se.
- O James passou hoje lá por casa - começou o pai - ainda me custa a acreditar. Como é que foste capaz de envergonhar nossa família a este ponto? Já sabemos de tudo. - fez uma pausa, mas vendo que Constança inquieta e preparada para argumentar, continuou - O James para salvar o bom nome da nossa família e impedir a tua desgraça, minha filha, pediu a tua mão em casamento e eu consenti - terminou com firmeza.
Incrédula fazia rolar os seus olhos do pai para James, deste para a mãe e de novo para o pai.
Sentia-se revoltada, como poderiam consentir, sequer sugerir que casasse com aquele inglês que a fixava possessivamente, encarando-a como se ela fosse um bem já adquirido.
- Nunca na vida irei casar com James - exclamou revoltada, levantando-se.
-Constança -rosnou o pai levantando-se também.
Nesse momento tinham conseguido captar a atenção de todas as pessoas da pastelaria.
Constança saiu furiosamente, sem olhar para trás. Cruzou a esquina apressadamente e encostou-se À parede. Não podendo mais conter as lágrimas, estas começaram-lhe a escorrer pela face.
Luís Carlos apareceu à sua frente. Tinha-se esquecido por completo que este ficara à sua espera do lado de fora da Pastelaria Versailles. Impulsivamente envolveu-o num abraço apertado. As lágrimas corriam-lhe agora mais descontroladamente.
Na praia as ondas batiam violentamente nas rochas, o céu estava nublado, escurecendo cada vez mais, anunciando uma tempestade. Constança e Luís Carlos repousavam agora abraçados no cimo do rochedo.
-Podíamos fugir - suspirou Luís Carlos infeliz - longe daqui tudo seria mais fácil –disse, prendendo em seguida Constança num beijo prolongado.
Um barulho fê-los voltar apara trás.
- James? O que... - começou Constança atrapalhada levantando-se de um salto.
- Luta comigo seu cobarde - -ordenou James dirigindo-se a Luís Carlos. Os seus olhos brilhavam de raiva. Luís Carlos de punhos em riste, aproximou-se. Constança sentiu de novo um calafrio. Os seus olhos espelharam-se de terror. Luís Carlos, empurrado por James desequilibrou-se, à beira do precipício e caiu. Constança desesperada, gélida de terror , correu para a beira do precipício e gritando de sofrimento:
- NÃOOOOO!
James pálido e inexpressivo recuava. O seu olhar nervoso e inquieto percorria o horizonte sem no entanto o ver. Olhou uma última vez para Constança, voltou-se e fugiu.
Constança desceu o mais depressa que pôde até à praia. No seu interior residia uma esperança. Caminhava agora entre as rochas. A sua visão estava turva pelas lágrimas que lhe humedeciam os olhos.
Tinha começado a chover. O vestido colava-se-lhe ao corpo dificultando-lhe o movimento. A esperança começava-se-lhe a extinguir, diluindo-se-lhe nas suas lágrimas.
Uma onda mais alta dirigiu-se para ela de uma forma ameaçadora, lançando-a contra as rochas. O mar revolto sugou-a para o seu interior.
Sem Luís Carlos a sua vida não tinha mais sentido. Não valia a pena lutar para sobreviver. Sentiu a vida a abandoná-la. Deixou-se ir. A alguns metros, caído numa rocha, um corpo inerte soltou um último suspiro de sofrimento.

Copyright - Direitos de autor

Morgaine e Joana

Este foi um texto de umas amigas nossas que lemos à pouco tempo e que gostámos muito...então resolvemos pô-lo aqui para partilhar convosco esta linda história trágica.

quinta-feira, 8 de março de 2007

heyyyy

heyyyyyyyy ppl!
we'v been talkin abt this site 4 like sooooooo long n u 2 finally created it! (my idea,don't 4get! :P)
it's nice... everythin seems to hv a symbolism or some kind of meaning... i like it! ;)
so here i am in this place miles n miles far from portugal.wish i was there with u all.next thursday is my prom n i still don't hv i freakin dress! i'm enterin in panic now..lol.all i'm sure of is tht i'm gonna cut my hair n perhaps colour my hair bach bronze (save your breath,its a 1 day colour!)
Neways abt n besides d prom,there's lots of drama at school... its crazy! so much gossip to talk abt n so litle time!lol! im fed up of all of it.its kinda pissin off tht every1 is sooo much interested on every1 else's lives.even of those u'r not very close to.
Anyways, in school , 4 activities, they hv 4 houses, yellow,green,blue n red. n girls n boys r separate.since we hv boards thi syr,we don't participate. but like day, the activity was to interview celebrity (decided by lottery or chits) for 5 minutes n d celebrity would b ppl from our grade.there was oprah ,michael jackson,george bush,lalu prasad( an indian politician),einstein,hitler n greg chappel (the coach for the indian cricket team).my friend was operah, n all d other were from d guys' class.all d guys were amazin,but the best were d impersonifications of michael jackson n hitler.they were sooo realistic n both interview were really funny n enjoyable.jackson did his moonwalk,gv make up advice to the host n danced n did his famous 'woohhoo' lol. hitler was equally good.perfect accent mean,commanding the host to seat n stuff.it was really cool.but the best part was tht no1 believed he could do it.every1 including the teachers were sayin we'll change theperson coz he can't evn speak.only my bio teach, who was in charge of d house who gonna interview him, said no he can do it,he will do it..
well g2g.bie .tc.hf!
*******
Anjali
PS:hope u understand wht i wrote. i now u ppl hv difficulty understanding my short forms n stuff. :P

sexta-feira, 2 de março de 2007

Nevoeiro (The Fog)


Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser

Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer-

Brilho sem luz e sem arder,

Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...


É a Hora!

Valete, Frates



Fernando Pessoa in Mensagem


Isto não é um drama, nós não estamos assim tão mal...temos cá os Grandes Portugueses!!

Lisboa é uma cidade linda...