quarta-feira, 6 de junho de 2007

O Infante

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!

By Fernando Pessoa, in Mensagem

4 comentários:

  1. Muito bem amiga Morgaine...aqui está mais um dos brilhantes poemas de Fernando Pessoa da sua obra "Mensagem".
    O meu poema preferido é o "Nevoeiro" que foi o primeiro post alguma fez feito neste blog e que deu entrada para um grande projecto...portanto foste de encontro às nossas origens!
    Também gosto imenso deste poema e a frase que destaco é mesmo a primeira, "Deus quer, o homem sonha, a obra nasce".
    Espero que no exame saia a "Mensagem" e que o nosso conhecimento desta obra nos dê uma boa nota.

    *****

    Caroline

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  2. Howdy, meninas!
    É realmente belo "O Infante", d'A Mensagem. E a frase destacada pela Caroline acaba por fazer todo o sentido, uma vez que é uma das mais famosas, mais bonitas e intelectualmente estimulantes citações de autores portugueses.
    O poema em si é um hino, não só a um homem que terá sido um dos ou mesmo o mais importante para a realização dos Descobrimentos Portugueses, mas também um hino a Portugal e aos Portugueses.
    Acima de tudo, é um hino à grande história de conquistas e descobertas do nosso belo país!

    Quanto à frase inicial, tem o imenso poder de inspirar aqueles que sonham a perseguir esses sonhos. Pois se "Deus quer" e "o Homem sonha", "a obra nasce"!
    Veja-se o enorme projecto das Descobertas portuguesas, que é de que fala o poema, que nasceu de um sonho do Homem. E com força de vontade, valentia, união e muita persistência conseguiu alcançar-se mais até do que aquilo que se sonhou...

    Bom, numa de despedida, e seguindo o exemplo da Caroline, deixo aqui uma referência a um dos meus poemas favoritos na Mensagem - senão o meu favorito -, "O Mostrengo".
    Acho que é um poema tão sentido e tão forte que faz crescer o coração só de o ler.
    Em especial o final do poema é de um orgulho nacional que não tem preço. Claro que há muito mais a dizer e interpretar sobre ele, mas não me quero alargar.
    Deixo apenas aqui um final glorioso e gritante desse poema que adoro:

    "(...)
    Três vezes do leme as mãos ergueu,
    Três vezes ao leme as reprendeu,

    E disse no fim de tremer três vezes:
    «Aqui ao leme sou mais do que eu:
    Sou um povo que quer o mar que é teu;
    E mais que o mostrengo, que me a alma teme

    E roda nas trevas do fim do mundo,
    Manda a vontade, que me ata ao leme,
    De El-Rei D. João Segundo!»"

    Fiquem bem, meninas! E mais uma vez, grande blogue!
    Muitos beijões! ************
    Peace ;p

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  3. i wish i could be so passionate about portuguese literatue.. but i just can't!no,i'm not shallow!blame my dislike to tht terrible portuguese teacher we had ( who, by the way, had some kind of grudge against me)!
    however, i'm not a gone case!i just love that poem about love/passion we hd in our portugese textbook of grade 9.. but i just don't remember the author!:(
    was it luis camoes?or some1 else?? :S
    can some1 get me that poem?

    luv,
    Anjali

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  4. Olá Anjali, será este o poema a que te estavas a referir?

    Amor é fogo que arde sem se ver;
    É ferida que dói e não se sente;
    É um contentamento descontente;
    É dor que desatina sem doer;

    É um não querer mais que bem querer;
    É solitário andar por entre a gente;
    É nunca contentar-se de contente;
    É cuidar que se ganha em se perder;

    É querer estar preso por vontade;
    É servir a quem vence, o vencedor;
    É ter com quem nos mata lealdade.

    Mas como causar pode seu favor
    Nos corações humanos amizade,
    se tão contrário a si é o mesmo Amor?

    Soneto 11 de "Os Lusíadas" de Luís Vaz de Camões

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